... E QUANDO ALGUÉM PROVOCA ANSIEDADE...?
- Angelo Salignac
- 5 de jun. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: 22 de ago. de 2021
Imagine essas duas situações: assim que entra no escritório e vê seu chefe, um desconforto se instala... em casa, preparando um almoço em família, a expectativa é de uma tarde agradável – mas a chegada inesperada de um parente provoca mal-estar. É possível notar um padrão?

Essas inquietações ou desconfortos tem nome: ansiedade. Se você vivencia essas experiências, deve ter notado que certos eventos desencadeiam a ansiedade: às vezes, atividades ou situações cotidianas (como fazer uma importante apresentação no trabalho), às vezes a simples presença de uma pessoa.
Identificar o que está causando ansiedade mostra que você já está um passo mais perto da solução. Mas, antes de tomar qualquer atitude, primeiro considere se há alguma possibilidade de você estar sob a influência de um fenômeno conhecido como “projeção”, um mecanismo de defesa que nos leva a atribuir, a outras pessoas, aspectos de nossa própria personalidade que achamos incômodos ou perturbadores .
Muitas vezes, a ansiedade que sentimos na presença de outros é um reflexo da maneira como nós nos percebemos. Se, por exemplo, não gostamos de alguém - ou se nos sentimos desconfortáveis em sua presença - podemos nos convencer de que na verdade é o contrário: são eles que não gostam de nós.
Ao colocar a culpa nos outros ("eles estão me deixando ansioso"), estamos renunciando a qualquer responsabilidade, o que faz com que nos sintamos melhor, mas apenas no curto prazo. Somos especialmente suscetíveis a esse tipo de projeção se a nossa autoestima é baixa.
Se você tem certeza de que não está projetando e realmente acredita que alguém está te tratando mal, então chegou a hora de agir: por mais que possamos culpar a outra pessoa por nos deixar ansiosos, a realidade é que somos nós que damos o tom de como permitimos que os demais nos façam sentir sobre nós mesmos.
Se notamos um padrão de ansiedade depois de nos encontrarmos com alguém em particular, precisamos tomar medidas para impedir que isso continue - afinal, ninguém pode nos forçar a um sentimento desagradável. Sempre devemos ter o poder de estabelecer limites ao comportamento dos outros - mesmo que isso às vezes signifique encerrar um relacionamento que está nos prejudicando.
Se você permitir que o mau comportamento continue, provavelmente terá dificuldades em estabelecer limites saudáveis.
O que significa ter limites saudáveis? Um limite é algo que separa duas coisas, uma barreira. Quando se trata de relacionamentos (seja com amigos, parceiros ou colegas de trabalho), assim como nos conectamos e nos unimos também temos nossa própria identidade para defender. Quando se torna difícil ou impossível estabelecer essas barreiras, estabelecendo como preferimos que as pessoas nos tratem, sem dúvida nos sentiremos impotentes e ansiosos.
Limites saudáveis nos ajudam a manter o autorrespeito e a entender onde começam e terminam os nossos direitos e os das outras pessoas. Se esses limites não foram modelados para nós por nossos pais, ou se crescemos em um ambiente que era muito restritivo ou dominador, podemos desenvolvê-los mais tarde por nossos próprios meios.
O que podemos fazer para restaurar o equilíbrio?
1. Identifique exatamente o que está acontecendo:
O que existe no comportamento das pessoas e que provoca a ansiedade? São imprevisíveis? Dominadoras? Desrespeitosas? Ao identificar claramente o comportamento que produz a ansiedade, você consegue mais facilmente buscar o conhecimento que permita a mudança.
2. Aborde a situação de maneira direta e assertiva:
A assertividade significa valer-se de abertura e honestidade, sem medo de expressar necessidades e anseios, sem agressividade desnecessária ou arrogância. É uma habilidade de comunicação vital que envolve encontrar o meio-termo entre passividade ou agressividade, ser capaz de expressar seus pensamentos e sentimentos sem violar os direitos e os sentimento dos outros. Se você acredita que alguém está sendo desrespeitoso, lembre-se que você tem o direito de ser tratado com respeito e que suas necessidades são tão importantes quanto as do seu interlocutor.
3. Use afirmações positivas:
A melhor maneira de praticar a assertividade é usar declarações positivas, que ajudam a expor suas necessidades sem expressar confronto ou culpa. Um exemplo: “fico ansioso quando você ameaça nossa amizade toda vez que temos um desentendimento”.
4. Se você sentir que não está sendo entendido, use a técnica do disco arranhado:
Nessa técnica você calmamente se repete continuamente, até que a outra pessoa perceba ou entenda o que você está dizendo.
5. Procure suporte profissional:
Nossos limites - ou a falta deles - são geralmente moldados por nossas primeiras experiências de vida. Assim, pode ser um trabalhoso desafio fazer os ajustes necessários sozinho. Um terapeuta ajudará a descobrir de onde vem a vulnerabilidade e a estabelecer limites que não permitam que outra pessoa provoque ansiedade indefinidamente.
Definir, afirmar e impor limites pode parecer assustador no início, especialmente se for algo a que não estamos acostumados - mas, no final das contas, a experiência nos fortalece! Ninguém pode ter o poder de, gratuitamente, nos trazer ansiedade: isso só pode acontecer se você, sob domínio de fragilidades, permitir.
Tudo muda (para muito melhor!) assim que desenvolvemos atitudes que definam a forma como as pessoas nos tratam.
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